A Bernunça é, muito provavelmente, a banda mais longeva de Valdir Agostinho. Muitos músicos já foram seus parceiros, desde a banda Fênix, o percussionista Gerri, a turma do Nani Lobo, e Alexandre Linhares, o guitarrista mais metaleiro da Barra da Lagoa. Tanto é que Bernunça começou com ele, como Valdir Agostinho e a Conexão Mané. Por motivos autorais – já existia uma banda com esse nome – a banda passou a se chamar Bernunça Elétrica, uma citação do título de uma canção composta por Jorge Goméz, baixista da formação daquele momento. A vida dura da música autoral, desvinculada de interesses da indústria cultural  massificada – e, por isso, pouco lucrativa – não rende muito, minha gente… E por mais que as canções, as pandorgas, os figurinos, a figura de Valdir, sejam tão caras para a população de / para Florianópolis, pouquíssimas vezes o poder público se manifestou como agente de fomento, aquele que devia ser o primeiro a patrocinar a cultura, a incentivar o artista local, de prover manifestações culturais que não tem espaço na mídia privada, por razões óbvias, infelizmente.

A banda contava com Luiz Maia e Zé Ernani nos violões, Luciano Py na escaleta e Nicolas Mallhome (in memoriam) na bateria/percussão. A redução – de uma banda que já teve sete integrantes – para o formato “acústico” deu-se por causa da crise. Crise financeira, ideológica e geracional. Cansamos de carregar a infra-estrutura elétrica nas costas.

Hoje, Valdir Agostinho possui uma banda que não está mais elétrica. Mas também não é acústica, por oposição. É a Bernunça, somente, o bicho que envolve o mundo, que toca em qualquer lugar, com dois violões, uma escaleta e uma percussão que vem do céu.

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